Rio de Janeiro, 06 de junho de 2025 | Atualização 11:07 horas

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Carta exige fim da repressão e liberdade aos presos do governo de José Raúl Mulino
A CSP-Conlutas realizará um protesto no Consulado do Panamá, na Zona Sul, no início da tarde da próxima terça-feira. Aproveitará a oportunidade para entregar uma carta ao Cônsul do Panamá no Rio de Janeiro, Sr. Ruben Arguelles Sanchez. A delegação da Central será composta por representantes de entidades e movimentos sociais da cidade maravilhosa.
A carta presta solidariedade ao povo panamenho e exige o fim da repressão aos trabalhadores e povos indígenas no Panamá.
“Nos solidarizamos com os movimentos sociais, os povos indígenas, os estudantes, o movimento de professores e trabalhadores da construção civil e os produtores de banana em sua luta legítima pela revogação da Lei 462, pela suspensão do memorando de entendimento com os Estados Unidos e pelo respeito à vontade soberana do povo panamenho, expressa em 2023 com o fechamento da mina Quantum”, afirma o texto.
O governo de José Raúl Mulino implementa um plano de ajuste brutal que ameaça os direitos trabalhistas e previdenciários conquistados ao longo de décadas. Um dos principais ataques é a privatização da CSS (Caixa de Seguro Social), por meio da controversa Lei 462, aprovada pelo governo, que trata de uma reforma do sistema de previdência, com intuito de privatizar, com uma possível transferência da gestão das aposentadorias para bancos. A reforma já eliminou benefícios para os trabalhadores do setor bananeiro, em saúde e nas aposentadorias.
Mulino também busca reabrir a mina de cobre, em Donoso-Colón, operada pela canadense First Quantum Minerals. A mina foi fechada em 2023, após ser declarada inconstitucional graças a uma ampla mobilização ambiental.
Não bastasse tudo isso, o governo e a administração do Canal do Panamá planejam a construção de uma represa no rio Índio. A iniciativa, que visa elevar o nível do canal em épocas de seca, resultaria na inundação de vastas áreas, no deslocamento de comunidades e na destruição ambiental da região. Em abril, Mulino também assinou um memorando de entendimento com os Estados Unidos que concede acesso a tropas norte-americanas às instalações aéreas e navais no Panamá, colocando em debate a questão da soberania nacional diante dos planos imperialistas de Donald Trump.
Os ataques não se deram sem forte resistência do povo e dos trabalhadores e trabalhadoras panamenhos.
As greves se prolongam por mais de um mês, incluindo a paralisação dos trabalhadores da produtora americana de bananas Chiquita, em Bocas del Toro; a expansão da greve de professores por todo o país e a continuidade da greve da construção civil. Recentemente, mobilizações massivas de mulheres e profissionais da saúde ocorreram nacionalmente.
A repressão e criminalização da lutas são intensas.
Mulheres envolvidas nos protestos nas comunidades de Darién foram presas, e estudantes universitários foram punidos, com o reitor da Universidade Nacional do Panamá entregando seus dados pessoais às forças repressivas.
O governo declarou as greves ilegais, agrediu e atirou em trabalhadores que bloqueavam estradas e rodovias, e decretou estado de emergência em Bocas del Toro.
Dirigentes do Suntracs, forte sindicato nacional, foram presos.
Diante de tal violência a Central exige o fim da repressão aos trabalhadores e povo panamenho.
“Exigimos que as autoridades panamenhas cessem a perseguição política, a violência policial e a repressão, respeitem os direitos humanos, a liberdade de associação e de expressão de pensamento, o protesto e o direito à vida e à dignidade humana, e que as legítimas reivindicações do povo sejam atendidas com a revogação imediata da Lei 462 e do memorando de entendimento com os Estados Unidos da América, e garantias para o fim das operações de mineração de cobre a céu aberto”, finaliza a carta.


