
















O Peru vive uma rebelião popular cujo epicentro é o sul andino (em especial Cusco e Puno), e nas últimas semanas se deslocou para Lima, a capital do país.
Depois do massacre que ocorreu em Juliaca (Puno), no qual a polícia assassinou 17 lutadores, milhares de moradores de bairros pobres provenientes fundamentalmente da serra sul, marcharam para Lima para estender e fazer sentir seu protesto.
Diante do crescimento da rebelião, a Conferência Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP), convocou e realizou uma jornada de luta em 19 de janeiro, que foi multitudinária e terminou em fortes enfrentamentos com a polícia, e em um dantesco incêndio em um velho casarão, em pleno centro da cidade.
Desde esse dia, a luta se tornou permanente e em Lima as manifestações massivas acontecem todos os dias, e sempre terminam em sérios enfrentamentos com a polícia, deixando no seu rastro uma esteira de feridos, detidos e caos.
Para colocar “ordem”, em uma situação que o governo considerava “controlada”, no dia 21 decidiu intervir na Universidade de San Marcos em cujo campus pernoitavam 200 manifestantes vindos das províncias (de uma média de 7 a 8 mil que permanecem na capital). O operativo realizado com tanques derrubando as portas de entrada e centenas de policiais de choque invadindo o campus, detendo violentamente todos ali presentes, enquadrando-os e colocando-os contra o chão para depois conduzi-los à DIRCORTE (Direção Contra o Terrorismo), trouxe à memória os piores tempos do ditador e genocida Fujimori, com quem automaticamente se associou a identidade do regime encabeçado por Boluarte.
Diante esses fatos a CSP-Conlutas junto com outras entidades construídas pelos operários, trabalhadores e estudantes organizamos um Ato em Solidariedade aos operários, trabalhadores e estudantes do Peru e contra o assassínio cometido pelo governo de Dina Ercilia Boluarte Zegarra.
Esse ato tem como objetivo ajudar e fortalecer uma saída que é a única viável – a queda de Boluarte. Não só porque é responsável por centena de manifestantes feridos, pelas mortes, mas também porque a derrota de Boluarte precipitaria a convocação de novas eleições, de acordo com a Constituição.
Carta entregue no Consulado Geral do Peru no Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 2023.
Ao Cônsul Geral, Ministro Juan Antonio Prieto Sedó
As entidades e pessoas abaixo-assinadas vêm aqui em sua presença para se solidarizar com o povo peruano e manifestar seu REPÚDIO à violenta repressão do Estado desencadeada desde dezembro de 2022.
Foram 205 pessoas presas apenas em um dia na Universidade de São Marcos. Dezenas de sindicalistas presos, inclusive da central sindical CGTP e Frente de Defesa de Ayacucho. Mais de 50 pessoas mortas e mais de 500 pessoas feridas nos confrontos com as forças de repressão, inclusive representantes dos povos originários. Só no Departamento de Puno foram 17 mortos por reivindicar novas eleições. Todos estes por participar do legítimo movimento de greves e manifestações contra o golpe de Estado que depôs e prendeu Pedro Castillo e são acusados de forma caluniosa de “terrorismo” e “vínculo com o narcotráfico”.
Exigimos o fim da repressão aos protestos e que todos os detidos sejam colocados imediatamente em liberdade. O povo peruano tem o direito legítimo de reivindicar a saída de Dina Boluarte, pedir a convocação de uma Constituinte e exigir novas eleições gerais.
Assinam:
Partido Comunista Brasileiro
Esquerda Marxista
Liberdade e Revolução Popular
Reagrupamento Revolucionário
Comissão de Direitos Sociais da OAB RJ
Associação Indígena Aldeia Maracanã (AIAM)
Instituto dos Saberes dos Povos Originários Aldeia Jacutinga
Movimento Tamoio dos Povos Originários
Movimento Esquerda Socialista
Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino no Estado do Rio de Janeiro
Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro
PSTU – RJ – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
CSP-CONLUTAS – RJ – Central Sindical e Popular
Unidade Classista
Associação dos Trabalhadores Aposentados, Pensionistas e Anistiados da Petrobras de Duque de Caxias
Emancipação Socialista
União da Juventude Comunista – RJ (UJC/RJ)
Adriana Pio da Silva – Professora; André Luiz Marques da Silva – Professor; Augusto Celso Fernandes de Almeida – Hidrologista; Cecília Lúcia do Nascimento Gusmão de Souza – Professora; Colatino Lopes Soares Filho – Aposentado – Juiz de Fora; Denise da Matta – Psicóloga; Eduardo de Oliveira Lima – Arquivo Nacional; Euclides Lopes – Advogado; Franklin Jorge Azevedo – Aposentado Petrobras; Jader Benac – Radiólogo – GE; Janice Realina Sodré – PSOL; Jarbas Benac – Técnico em radiologia; Jones dos Santos da Cunha – Professor; Leonardo da Silva Penalber – Bancário CEF; Leonardo Gouvea Erthal – Bombeiro militar; Luis Claudio Reis do espírito santo – Assistente financeiro; Marco Aurelio da Silva – Engenheiro químico aposentado Petrobras; Marlon Conceição da Silva – Advogado; Natália Lopes Carneiro – Jornalista; Nilson Penoni – Funcionário público aposentado; Renata Robaina Paiva – Administradora; Ricardo Côrtes Portugal – Jornalista – Movimento Baía Viva; Sarah Lígia Coelho Machado – Professora; Sergio Luiz Baiana da Silva – Artista Plástico; Thais Alves Vieira – Professora; Viviane Barradas – Estudante de sociologia – IFCS; Wilder Silva de Almeida – Jornalista

