Basta de financiar o genocídio na Palestina

Rio de Janeiro, 02 de julho de 2024 | Atualização 22:43 h

Viva a luta do Povo Palestino

Um quarto de milhão de palestinos em Khan Younis estão aterrorizados novamente com a iminência de uma nova operação terrestre israelense.

Por quase nove meses, as agressões de Israel ao território encurralado militarmente entre Israel e o mar Mediterrâneo chamada de Gaza, forçou os palestinos a correrem de um lugar para outro em busca de lugares seguros na estreita Faixa de terra sitiada. Mesmo assim os ataques indiscriminados contra civis mostram que não há lugar seguro em Gaza, na Cisjordânia ou em Jerusalém.

A mais recente ordem de evacuação em massa de Israel ordenou que 250 mil civis fossem deslocadas para fora de Khan Younis, a segunda maior cidade de Gaza. Esse contingente de refugiados teria que sair enquanto o exército sionista realiza novos ataques no sul da estreita faixa sitiada. A ordem ocorre em um momento em que combates violentos encurralam palestinos em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, e no bairro de Shujayea, na Cidade de Gaza, no Norte.

O exército israelense primeiro disse aos palestinos para “evacuar imediatamente para a zona humanitária”, sem especificar onde. Cerca de 13 horas depois, uma publicação na plataforma X disse às pessoas para irem para a “zona humanitária de al-Mawasi”. Embora Israel chame al-Mawasi – uma faixa costeira que se estende até Deir el-Balah – de “zona humanitária”, também lançou ataques contra civis ali.

Pelo menos 25 pessoas foram mortas em dois ataques israelenses em al-Mawasi (em 21 de junho), e cerca de 21 pessoas em outro ataque (em 28 de maio), de acordo com a resistência palestina. A Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PRCS) foi forçada a evacuar sua base na parte de Khan Younis de al-Mawasi, em 29 de junho, devido a questões de segurança. O exército israelense alegou pela plataforma X que sua ordem de evacuação não se aplica ao Hospital Europeu, que fica na zona a ser evacuada. Sequer fatos como esses as trabalhadoras e trabalhadores brasileiros tomam conhecimento, por causa do silêncio cúmplice das empresas nacionais e internacionais de comunicação.

ISRAEL: um estado artificial que não passa de um enclave militar a serviço dos imperialismos ocidentais

O genocídio contra o povo palestino tem entre seus principais elementos a busca de Israel por consolidar-se como um Estado. Por tanto, não é fruto de uma ação do Hamas de 07 de outubro de 2023. A base política-ideológica que deu origem à construção desse Estado é chamada de sionismo. Por isso, para entender a atual barbárie no Oriente Médio é preciso voltar no tempo.

O sionismo é um movimento surgido no século IXX na comunidade judia na Europa Oriental que buscava uma solução para a questão judaica. Naquela época, o antissemitismo – que é a discriminação contra os povos semitas (árabes e judeus) – estava em crescimento naquele continente. Foi o sionismo enquanto movimento político que deu corpo à criação do Estado de Israel, em 1947, logo após o Holocausto na Europa, quando cerca de 6 milhões de judeus foram assassinados, principalmente em campos de concentração da Alemanha nazista.

O termo sionismo faz referência ao Monte Sião, nome de uma das colinas de Jerusalém e usado como sinônimo de terra prometida, ou terra de Israel. A definição do conceito sionismo gera divergências entre estudiosos e militantes de movimentos favoráveis e contrários à criação de um Estado judeu. Enquanto algumas correntes de pensamento apontam para o caráter laico do sionismo, outros acreditam que o movimento é necessariamente baseado na religião judaica. Mas o fato é que o conceito sionista não se norteia pela religião. É um movimento político nacionalista, colonialista, racista e antissemita árabe. O conceito de sionismo foi muito baseado na Europa e devido à perseguição que os judeus sofriam. Então, Theodor Herzl, formulador da teoria, fomentou uma organização sionista que promoveu a migração judia para a Palestina para construir um Estado para os judeus. Nessa época (final do século 19), era uma organização para juntar fundos e comprar territórios na Palestina para colocar as comunidades de judeus da Europa nesse local. Mas eles não conseguiram comprar muita terra porque já era uma área ocupada por árabes e judeus palestinos.

As lutas e guerras por terras seguiu durante todo o século XX. Diante da invasão e patilha unilateral dos territórios, as nações árabes vizinhas invadiram o recém-criado país no dia seguinte, em apoio aos árabes palestinos. Israel, desde então, travou várias guerras com os Estados árabes circundantes, no decurso das quais ocupou os territórios da Cisjordânia, península do Sinai, Faixa de Gaza e colinas de Golã. Partes dessas áreas ocupadas, incluindo Jerusalém Oriental, foram anexadas por Israel, mas a fronteira com a vizinha Cisjordânia ainda não foi definida de forma permanente. Israel assinou tratados de paz com Egito e Jordânia, porém os esforços para solucionar o conflito israelense-palestino até agora não resultaram em paz nos últimos 76 anos.

Pelo final da Segunda Guerra Mundial, os judeus representavam 33% da população da Palestina. A recém-criada Organização das Nações Unidas recomendou a aplicação do plano de partição da Palestina, aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas através da Resolução 181, de 29 de novembro de 1947, propondo a divisão do país em dois Estados, um árabe e um judeu. Segundo esta proposta, a cidade de Jerusalém teria um estatuto de cidade internacional administrada pelas Nações Unidas para evitar um possível conflito sobre o seu estatuto.

Em julho de 2006, um ataque da artilharia do Hezbollah a comunidades da fronteira norte de Israel e um rapto de dois soldados israelenses desencadeou a Segunda Guerra do Líbano. Os confrontos duram um mês até um cessar-fogo (Resolução 1701 da Organização das Nações Unidas) mediado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Em 27 de novembro de 2007, o Primeiro-Ministro israelense Ehud Olmert e o Presidente palestino Mahmoud Abbas concordaram em negociar sobre todas as questões e lutar por um acordo até ao final de 2008. Em abril de 2008, o presidente sírio Bashar al-Assad disse a um jornal do Catar que a Síria e Israel tinham vindo a discutir um tratado de paz por um ano, com a Turquia como mediador. Isto foi confirmado por Israel, em maio de 2008.

No final de dezembro de 2008, o cessar-fogo entre o Hamas e Israel acabou após foguetes serem disparados a partir da Faixa de Gaza. Israel respondeu com uma série de intensos ataques aéreos. Em resposta, protestos eclodiram em todo o mundo. Em 3 de janeiro de 2009, tropas israelenses entraram em Gaza marcando o início de uma ofensiva terrestre.

Em julho de 2014 eclodiu outro conflito entre as forças militares de Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza. A guerra, que durou quase dois meses, matou mais de duas mil pessoas, incluindo 70 israelenses. No dia 07 de outubro de 2023, o Hamas iniciou uma ofensiva ao sul de Israel na fronteira com a faixa de Gaza. Eles reivindicam o ataque como sendo uma grande operação para a retomada do território roubado por Israel. Em resposta, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu declarou guerra contra os palestinos para destruir o governo e o grupo Hamas.

O Estado de Israel oprime e mata o povo palestino: não é uma guerra

Já são quase nove meses da nova fase da Nakba – a catástrofe palestina, cuja pedra fundamental foi a formação do Estado racista e colonial de Israel. Em sua busca por uma “solução final”, avalizada pela cumplicidade internacional, o regime sionista avança no genocídio em Gaza e na limpeza étnica em toda a Cisjordânia. Mas, o povo palestino resiste heroicamente e a solidariedade internacional se intensifica. Um dos maiores exércitos do Oriente Médio padece nas mãos da guerrilha palestina.

Na estreita faixa de Gaza, os bombardeios massivos já mataram pelo menos 48 mil palestinos, dentre os quais 70% são mulheres e crianças. Na Cisjordânia já são mais de 1.500 mortos. A máscara do Estado de Israel cai, revelando sua cara horrenda.

A fúria dos sionistas será afogada pela resistência

Em 26 de maio passado, as forças de ocupação sionistas perpetraram o “massacre das tendas”, queimando vivos dezenas de palestinos alojados em acampamentos improvisados. As imagens das atrocidades, que incluíram crianças decapitadas, elevaram a indignação, expressa em grandes protestos, ao redor do mundo, inclusive em São Paulo.

Capítulo mais recente da coleção macabra de atrocidades que já começa a ser chamado de “Holocausto Palestino” –, o “massacre das tendas” ocorreu apenas dois dias depois de que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) ordenou o fim da agressão sionista a Rafa, último reduto, antes da fronteira com o Egito, para milhões de palestinos desabrigados.

No mesmo mês, o Tribunal Penal Internacional (TPI) pediu a prisão dos genocidas Benjamin Netanyahu e Yoav Galant, respectivamente primeiro-ministro e ministro da Defesa de Israel. Apesar das ações limitadas, descabidas e deseducativas que equiparam o terrorismo sionista à legítima resistência palestina, ao arrepio do próprio Direito Internacional em que essas instituições se sustentam, a resposta de Israel foi a esperada: retomou a ultrapassada propaganda de que seriam iniciativas supostamente antissemitas e deu sequência às atrocidades, com um, dois e mais massacres das tendas. Demonstrou, assim, não apenas a impunidade que norteia o projeto colonial do enclave militar do imperialismo estadunidense e europeu, mas reafirmou que a máquina da morte sionista não será parada por dentro do sistema na qual se assentam tais instituições.

O governo de Lula da Silva não pode manter diplomacia com um governo claramente terrorista. Lula tem que romper relações e todos os acordos comerciais e militares para reduzir o financiamento do genocídio cometido por Israel na Palestina. O fim do Estado de Israel virá das ruas, dos túneis, de cada viela controlada pelos trabalhadores e o povo árabe palestino. Virá das milhares de manifestações dos oprimidos e explorados em todo o mundo. Virá da inspiração deixada por cada um dos milhares de mártires que tombaram pela restauração de uma Palestina, laica, livre, do rio ao mar.