Eduardo Paes quer vender escola

Prefeito mostra sua verdadeira face aos cariocas

Em matéria assinada por Raphael Fernandes, publicado pelo jornal Diário do Rio, também por Anselmo Góis, no jornal O Globo os trabalhadores tomaram conhecimento da iniciativa do Prefeito Eduardo Paes (DEM), que apresentou a Câmara Municipal projeto de alienação do prédio da Escola Municipal Cícero Penna, entre outros imóveis públicos da cidade.

O endereço onde fica a Escola Municipal Doutor Cícero Penna é um dos mais cobiçados da cidade carioca. A escola se encontra na Avenida Atlântica, no número 1.976, em frente às areias de uma das praias mais famosas de todas as Américas. A Prefeitura do Rio quer vender o terreno, de mais de 913 m², sugerindo a liberação para construção de um edifício de até 12 andares, beneficiando a especulação imobiliária.

Tudo isso em um momento em que há infecção pela Covid-19 atingindo cerca de 60 mil pessoas por dia nos últimos sete dias. Segundo dados atualizados pelo Portal da Transparência do Registro Civil, o mês de abril de 2021 superou a marca de maio de 2020 e se tornou o mês com maior número de óbitos por Covid-19 registrado na cidade, desde o início da pandemia.

Em vez de Paes utilizar todas as verbas arrecadadas com impostos, taxas e contribuições pagos pela população carioca para buscar vacinação de todas e todos prefere vender o patrimônio do povo. O Prefeito deveria buscar meios para auxiliar desempregados, autônomos, vendedores ambulantes e outros prestadores para que permaneçam em suas casas. Medida como essa seria eficaz para quebrar a cadeia de contágio da doença pandêmica.

A Escola Municipal Doutor Cícero Penna tem sido responsável pela educação dos filhos dos trabalhadores que residem no Morro do Cabritos, na favela Ladeira dos Tabajaras e várias outras comunidades pobres da região. É uma escola que desde os anos 60 do século passado formou milhares de alunos. Ainda hoje atende pelo menos de 500 a 600 alunos matriculados. Nesses 14 meses de pandemia mundial da Covid-19 foi o único ponto de apoio para uma parte desses alunos e suas famílias.

Eduardo Paes poderia utilizar essa e outras unidades escolares para ajudar mais aos alunos e suas famílias. Bastaria suspender o pagamento das dívidas para ter mais recursos que propiciasse equipamentos e meios para ampliar o acesso ao ensino à distância dos alunos e um auxílio emergencial, de pelo menos um salário-mínimo, para a família de cada um desses alunos, pelo tempo de duração da pandemia e o controle disseminação do vírus após ampla vacinação. Outra fonte de recursos extras em momento tão trágico seria a sobretaxação das grandes fortunas dos moradores abastados que moram na Avenida Atlântica e em outras localidades nobres da cidade. Assim o prefeito da cidade maravilhosa poderia financiar o auxílio pedagógico e financeiro às comunidades mais carentes em vez de buscar enriquecer ainda mais os especuladores imobiliários.

A CSP-Conlutas se coloca ao lado dos trabalhadores da comunidade escolar da Escola Municipal Doutor Cícero Penna na luta contra a venda da escola e o seu consequente fechamento. Nos colocamos na mesma trincheira dessa luta que pode obrigar os vereadores da Câmara Municipal para que esse prédio histórico e relevante para a educação na região seja retirado da lista de imóveis que o prefeito pretende entregar ao mercado imobiliário carioca.

Exigimos que o prefeito garanta a compra de tabletes, computadores e acesso à internet para os trabalhadores e alunos das escolas públicas municipais. Essas unidades de ensino podem cumprir serviços essenciais de educação, informação e formação que auxilie o combate ao novo coronavírus, ao desemprego e à fome na cidade do Rio de Janeiro. Que Eduardo Paes abandone seu projeto de facilitar a vida dos ricos para implementar um projeto social que reduza a desigualdade, auxiliando os trabalhadores e o povo pobre carioca.

Estatizar os transportes públicos para combater a covid-19

Todos os dias as e os trabalhadores cariocas são submetidos a um ambiente propício ao contágio do Sars-CoV-2, o novo coronavírus, nos transportes públicos. Ônibus, trens de superfície, subterrâneos, bondes ou barcas são pontos de contágio de uma doença que já matou mais 400 mil brasileiros. Nesse domingo (02), dia em que faleceram na cidade mais de 150 cariocas, foram as 24 horas em que houve o menor número de mortes dos últimos 30 dias.

As seis famílias que tem o controle de todos os transportes coletivos da cidade diante da pandemia acabaram com linhas de ônibus, reduziram as frotas desses coletivos, dos trens e barcas. Tudo com a conivência do prefeito, seja o anterior ou o atual. Desde a privatização desses meios de transportes este tem sido o momento em que o carioca mais precisa do transporte público e de qualidade. Pois justo agora ficou claro que esses serviços não satisfazem a necessidade de milhões de usuários, mas sim o lucro de punhado de poderosos que nunca utilizam esses meios para o seu deslocamento.

Para que esse serviço atenda a necessidade de locomoção e mobilidade dos setores que precisam se deslocar para combater a pandemia e o contágio pela doença é preciso que seja público. É necessário que esse serviço esteja disponível para atender as necessidades da cidade e não a ganância do que já são muito ricos.

Se o Prefeito Eduardo Paes estivesse interessado em dar um combate consequente contra a cadeia de transmissão do vírus já teria utilizado todos os meios a sua disposição para garantir o aumento da frota de veículos nos transportes coletivos seja rodoviário, sobre trilhos ou aquático. Teria pressionado o governador e até mesmo os demais poderes para evitar a manutenção dos focos de contaminação da doença.

A saída está em nossas mãos

É preciso um lockdown de verdade, com garantia de emprego, de salário, de renda para os autônomos e pequenos empresários de tal forma que crie as condições para que voltem para suas casas. O isolamento social financiado pelo poder público é a única forma de reduzir o contágio, o adoecimento e as mortes do povo. Para isso a CSP-Conlutas convoca todas as centrais, federações, confederações, sindicatos, associações e instituições dos movimentos democráticos e sociais para a construção de uma saída dos trabalhadores para a crise criada pelos ricos e poderosos. É necessário a construção de uma greve geral sanitária que coloque para Bolsonaro e Mourão. Uma mobilização nacional que obrigue a quebra de patentes, a suspensão do pagamento das dívidas, a utilização de todas as salas de vacinação do SUS para a imunização de toda a população. Só assim será possível conviver com o vírus sem o colapso na saúde e a pilha de cadáveres que vemos hoje.