Genocídio em Gaza: Morte de Reféns e Agressão Militar em Territórios Palestinos

Da redação em 02 de setembro de 2024 | 23:25 horas de Brasília

“As Forças de Defesa de Israel (FDI) acreditam que os seis reféns cujos corpos foram encontrados na Faixa de Gaza na noite de sábado (31) haviam sido mortos por militantes do Hamas pouco antes”, disse o porta-voz das FDI, general de brigada Daniel Hagari.

Pessoas em luto assistem enquanto Rimon, viúva de Yagev Buchshtav, um dos reféns sequestrados pelo Hamas em outubro, estende a mão para tocar o topo de seu caixão — Foto: GIL COHEN-MAGEN/AFP

Na manhã de domingo (1º), as FDI divulgaram os nomes de seis reféns cujos corpos teriam sido descobertos em um dos túneis subterrâneos na cidade de Rafah, na parte mais ao sul do enclave palestino sitiado e ocupado pelo exército sionista.

Entre eles estavam um cidadão russo, Aleksandr Lobanov, de 32 anos, e um cidadão estadunidense, Hersh Goldberg-Polin, de 23 anos. Todo o grupo de reféns era constituído por homens com menos de 40 anos de idade.

“Há algumas horas, informamos as famílias de que os corpos de seus entes queridos foram descobertos por soldados das Forças de Defesa de Israel em um túnel subterrâneo em Rafah. Nossa avaliação inicial foi de que eles haviam sido brutalmente assassinados por terroristas do Hamas pouco antes de chegarmos até eles”, disse Hagari em um resumo informativo.

O general de brigada especificou que os seis israelenses foram sequestrados vivos no dia em que o Hamas atacou Israel, em 7 de outubro de 2023.

Segundo ele, os militares encontraram os corpos aproximadamente a 1 km do túnel em que tinham salvado outro refém há poucos dias (27/08).

Israel afirma ter recuperado corpos de seis reféns na Faixa de Gaza — Foto: AFP

Por sua vez, Izzat al-Rishq, membro do Politburo do Hamas, diz que o movimento palestino considera Israel responsável pela morte de reféns israelenses na Faixa de Gaza.

Ele também convocou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a pressionar o governo israelense para acabar com o genocídio.

O Hamas, movimento palestino de resistência à ocupação ilegal do território palestino, afirma que as Forças de Defesa de Israel (FDI) provocaram a morte de alguns prisioneiros israelenses na Faixa de Gaza neste domingo (1º) durante uma operação.

O braço armado do Hamas diz que sob o comando do primeiro-ministro Netanyahu em ataques do exército em Gaza – em vez de um acordo de trégua – significará que mais prisioneiros israelenses “serão devolvidos às suas famílias em caixões”.

As mortes de reféns inquieta apoiadores internacionais do sionismo

O presidente dos EUA, Joe Biden, se reúne com negociadores de alto escalão da trégua. Criticou Netanyahu por não fazer o suficiente para libertar os reféns.

Questionado sobre os comentários de Biden, Netanyahu disse que a pressão deveria ser aplicada ao Hamas, não a Israel, principalmente após as mortes.

“E agora, depois disso, somos solicitados a mostrar seriedade? Somos solicitados a fazer concessões? Que mensagem isso envia ao Hamas? Diz, mate mais reféns”, disse Netanyahu.

Afirmou ainda que não acredita que Biden ou qualquer pessoa séria pense em “alcançar a paz” pedindo a Israel para fazer mais concessões. “Nós já as fizemos. O Hamas tem que fazer a concessão.”

A Grã-Bretanha suspende algumas licenças de exportação de armas para Israel devido a preocupações “claras” de que as armas poderiam ser usadas para cometer “uma violação grave do direito internacional humanitário”.

A suspensão parcial da exportação de armas do Reino Unido para Israel é significativa, pois pode abrir um caminho para os EUA, o maior aliado de Israel, fazerem o mesmo, de acordo com HA Hellyer, um membro associado sênior do Carnegie Endowment for International Peace.

“Existem leis desse tipo nos Estados Unidos, mas é claro que, politicamente, é uma decisão que o governo Biden não está disposto a tomar”, disse Hellyer à Al Jazeera de Londres. “Mas o fato de seu aliado mais próximo internacionalmente, o Reino Unido, ter dado esse passo é significativo.”

Hellyer observou que a ação do Reino Unido não é apenas política, mas também legal.

“…Mostra consciência do fato de que a lei britânica deixa bem claro que, no caso de o governo do Reino Unido ter bons motivos para se preocupar com o uso desses itens para crimes de guerra, ele é obrigado a suspender as licenças [de armas].

“Esta decisão foi especificamente sobre Gaza, e o que você viu nos últimos dias em particular, é uma escalada na Cisjordânia e um reconhecimento de que o governo de Benjamin Netanyahu vai persistir na escalada — não apenas nos territórios ocupados, mas provavelmente em outros lugares também.” O associado sênior do Carnegie Endowment for International Peace se referia aos ataques de Israel nos territórios do Líbano e do Irã.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia pediu que as partes parassem com as hostilidades.

De acordo com a posição de Moscou, um acordo só é possível com base na fórmula aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, ou seja, o estabelecimento de um Estado palestino nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital.

As tropas israelenses invadiram o acampamento de refugiados de Nur Shams, perto de Tulkarem, na Cisjordânia

Intensificação da agressão militar na Cisjordânia

Na Cisjordânia ocupada, o número de mortos nos ataques em larga escala de Israel sobe para pelo menos 30, enquanto o cerco israelense ao campo de refugiados de Jenin entra no sexto dia, deixando os palestinos sem acesso a comida, água, energia ou internet.

A incursão militar em andamento de Israel na Cisjordânia ocupada é a maior do gênero desde 2002.

Ela marca uma escalada significativa dos ataques militares e da violência dos colonos que aumentaram desde 7 de outubro.

Pelo menos 40.786 pessoas foram mortas e 94.224 ficaram feridas no genocídio cometido por Israel em Gaza nos últimos 11 meses.

A colonização sob as botas das Forças de Defesa de Israel

Gaza foi efetivamente dividida nas partes Sul e Norte, e Israel está conduzindo uma operação terrestre em Rafah com a descarada desculpa desse ser o último reduto do Hamas.

“Apartheid Israel mira Gaza e Cisjordânia simultaneamente” afirma a especialista da ONU

Francesca Albanese, relatora especial das Nações Unidas sobre a situação dos direitos nos territórios palestinos, diz que os recentes ataques mortais de Israel na Cisjordânia ocupada marcam “uma escalada perigosa”.

“A violência genocida de Israel corre o risco de vazar de Gaza para o território palestino ocupado como um todo”, disse ela em uma declaração.

“A escrita está na parede e não podemos continuar a ignorá-la. Há evidências crescentes de que nenhum palestino está seguro sob o controle irrestrito de Israel. O apartheid Israel está mirando Gaza e a Cisjordânia simultaneamente como parte de um processo geral de eliminação, substituição e expansão territorial”, acrescentou Albanese.

“A impunidade de longa data concedida a Israel (nos últimos 76 anos) está permitindo a despalestinização do território ocupado, deixando os palestinos à mercê das forças que buscam sua eliminação como um grupo nacional.”

Albanese apelou à comunidade internacional para “fazer tudo o que puder para pôr fim imediatamente ao risco de genocídio contra o povo palestino sob a ocupação de Israel, garantir a responsabilização e, em última análise, pôr fim à colonização do território palestino por Israel”.

Greve geral aumenta a pressão interna

Uma greve geral organizada pela principal central sindical de Israel acontece nesta segunda-feira (2) em todo o país após um final de semana de protestos motivados por críticas ao governo de Benjamin Netanyahu e sua condução das negociações para a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas desde 7 de outubro.

Imagem da CNN Brasil

Veículos de imprensa tem relatado protestos em massa contra o governo de Netanyahu, bem como a demanda por um acordo de cessar-fogo para devolver os prisioneiros mantidos em Gaza.
Ativistas e plataformas israelenses também estão compartilhando cenas documentando manifestantes ateando fogo na bandeira do estado sionista durante manifestações na capital, Tel-Aviv.

No X, a organização que representa as famílias dos reféns e desaparecidos publicou uma lista de mais de 10 locais ao redor do país onde protestos ocorreriam nesta segunda. A maioria deles são estradas principais e cruzamentos ao redor de Tel-Aviv e do norte do país.

Netanyahu mantém o genocídio e pretende estender o conflito a outros países, pois sabe que um acordo de paz ou mesmo uma trégua pode significar o fim do governo de seu gabinete.

Solidariedade: Os houthis impedem navios petroleiros de abastecer o genocídio de Israel

Membros da guarda costeira do Iêmen, leais ao governo internacionalmente reconhecido, patrulham Mar Vermelho — Foto: Khaled Ziad/AFP

Dois petroleiros – o Amjad, de bandeira saudita, e o Blue Lagoon I, de bandeira panamenha – foram atacados no Mar Vermelho, na costa do Iêmen.

Os houthis do Iêmen na noite de segunda-feira assumiram a responsabilidade por atingir o Blue Lagoon com vários mísseis e drones, mas não fizeram nenhuma menção ao petroleiro saudita.

Duas fontes não identificadas disseram à agência de notícias Reuters que os navios estavam navegando próximos um do outro quando foram atingidos, mas conseguiram continuar suas viagens sem grandes danos ou baixas.

O Joint Maritime Information Center, administrado por forças navais internacionais para rastrear ataques Houthi, disse que três ataques de mísseis balísticos atingiram o petroleiro Blue Lagoon I.

Os Houthis lançaram ataques de drones e mísseis no Mar Vermelho em solidariedade aos palestinos durante o sangrento genocídio de Israel em Gaza. Em mais de 70 ataques, eles afundaram dois navios, apreenderam com pouquíssimas baixas de marinheiros outras embarcações mercantis como o mesmo destino. As ações militares dos Houthis expressam a solidariedade dos trabalhadores e do povo iemenita a heroica resistência dos palestinos.