Rio de Janeiro, 28 de novembro de 2025. Atualizado às 21:24 horas de Brasília.
A única razão para os Estados Unidos e Israel buscarem tal solução é o fracasso do estado sionista.

Imagem publicada 15/05/2021 13:05 | foto do google
O recente cessar-fogo negociado para interromper o genocídio em Gaza tem gerado intensos debates sobre suas reais motivações e consequências. Longe de ser um instrumento para o alívio imediato da população palestina, o acordo é visto por muitos analistas como uma estratégia para testar novas táticas voltadas ao enfraquecimento da resistência palestina, ao mesmo tempo em que concede ao exército israelense uma pausa operacional. Na verdade a farsa da interrupção das hostilidade abriu espaço para ataques sionistas na Cisjordânia, na Síria e no sul do Líbano. Tudo isso graças a falta de precisão e clareza no plano. Enquanto a comunidade internacional, de forma controversa, opta por aceitar o acordo sem maiores questionamentos.
O cessar-fogo: motivações e limitações
O acordo foi negociado em meio à urgência e à pressão internacional por uma solução que interrompesse o genocídio. No entanto, sua concepção parece atender mais aos interesses estratégicos militares do que às necessidades humanitárias da população local. Segundo críticos, ao invés de proporcionar um alívio genuíno, o cessar-fogo serve como um laboratório para novas estratégias de desmantelamento da resistência palestina.
A imprecisão do plano, que não detalha mecanismos efetivos de proteção e garantia de direitos para os civis palestinos, reforça a ideia de que o acordo atende unicamente aos interesses das forças agressoras envolvidas no extermínio palestino. Assim não há nada no plano para buscar uma paz duradoura.
O papel da comunidade internacional
A postura da comunidade internacional, que opta por aceitar o plano sem ouvir os palestinos. Então o plano apresenta evidentes limitações. A aceitação sem grandes objeções é vista como um ato vergonhoso, que legitima estratégias militares e políticas questionáveis, em vez de promover uma solução justa e equilibrada para o sofrimento e a fome da população presa no gueto da Faixa Gaza.
Organizações multilaterais e países influentes, ao reconhecerem o cessar-fogo sem exigir garantias concretas para os palestinos, acabam por reforçar o desequilíbrio de poder na região e contribuir para a perpetuação de um plano neocolonial dos Estados Unidos e de Israel.
Donald Trump busca rapinagem cavalgando a incompetência de Israel
Desde o início, após a vitoriosa operação da resistência liderada pelo Hamas, em 7 de outubro de 2023, os israelenses deixaram claro que sua intenção era o genocídio. Sua reputação e os próprios alicerces de seu regime foram abalados. Sua invencibilidade aparente foi levada junto com a poeira das botas na marcha da resistência palestina. De repente, uma solução militar final para a potência invasora parecia ao alcance. Assim, em desespero, aceleraram seus objetivos e chegaram à conclusão natural típico de um projeto de assentamento colonial: a aniquilação total da população que vive na palestina histórica passou a ser objetivo.
A mentalidade supremacista e racista do regime sionista manifestou-se na sua forma mais extrema porque o próprio projeto fora ameaçado. A ousada ação da resistência questionou a sua superioridade militar. A sua solução deveria ser a aniquilação. Uma solução final para resistência em Gaza.
Na sua visão, o massacre de civis e a destruição total das infraestruturas de Gaza não só eliminariam a causa palestina, como também desmantelariam completamente a noção regional de soberania do povo palestino e a farsa de um estado palestino.

22.mai.2025 – Mulher e crianças palestinas andam em meio a escombros após ataques israelenses em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza
Imagem: BASHAR TALEB / AFP
Resolução 2803 do Conselho de Segurança da ONU
A recente Resolução 2803, aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU (17/11), é interpretada por muitos como uma autorização tácita para uma operação internacional de mudança de regime. Assim a ONU autoriza a decapitação do regime capitaneada pelo Hamas. O texto da resolução invoca uma força militar multinacional, sob o pretexto de estabilização, mas que, na prática, pode contribuir para a intensificação da violência e para o desmantelamento da estrutura de autoridade da atual governança em Faixa de Gaza.
Críticos apontam que essa iniciativa representa uma tentativa desesperada de esmagar o que restou de estrutura dessa governança em benefício dos interesses israelenses. Esses mesmos críticos apontam também que a resolução ajuda na consolidação dos territórios ocupados por Israel na Cisjordânia. A justificativa para tal solução reside, segundo esses analistas, no fracasso da estratégia militar israelense em alcançar a destruição do Hamas e da Jihad Islamica sem o apoio internacional direto. Ou seja, a resolução significa um apoio incondicional do Conselho de Segurança da ONU na repressão e desarmamento da resistência que luta contra a invasão sionista nos territórios da palestina histórica. Essa destruição da resistência foi uma tarefa fracassada de Israel. Serviu apenas para mostrar, em dois anos, como o estado sionista é incapaz de cumprir sozinho o objetivo determinado em 2023.
Implicações humanitárias e políticas
O envolvimento de forças internacionais sob o argumento de mudança de regime e estabilização pode agravar ainda mais a situação humanitária em Gaza. Há uma a tendência de aumentar o número de vítimas civis. Certamente vai dificultar o acesso a ajuda humanitária essencial na medida que eleva o nível das agressões. A deposição das armas da resistência e a queda do regime não ocorrerá sem derramamento de sangue. Além disso, a imposição de soluções externas tende a deslegitimar as autoridades palestinas locais e enfraquecer os esforços autônomos de ajuda humanitária aos civis e a reconstrução.
Do ponto de vista político, a resolução e o cessar-fogo negociado sem a presença ou sequer acordo com a resistência podem consolidar um cenário de maior instabilidade social, comprometendo qualquer iniciativa de paz e o direito à autodeterminação do povo palestino.
Cercar de solidariedade internacional à resistência palestina

Manifestação em apoio à resistência palestina, em abril 2024 | Foto Maísa Mendes
O cessar-fogo em Gaza e a Resolução 2803 da ONU revelam uma conjuntura internacional marcada pela busca das potencias ocidentais de soluções unilaterais. Essa unilateralidade prioriza interesses estratégicos econômicos. São medidas das grandes nações estadunidense e europeia visando a pilhagem de riquezas naturais em detrimento das necessidades humanas. Para a garantia do lucro dos grandes oligopólios pratica-se a ladroagem dos direitos fundamentais dos trabalhadores palestinos. A aceitação acrítica dessas medidas pela comunidade internacional reforça a urgência de ações nas ruas em todas as cidades no coração das potências capitalistas.
A farsa do cessar-fogo vem servindo de cortina de fumaça para reduzir a indignação da classe trabalhadora internacional. O papel nefasto da mídia internacional que mente e omite descaradamente ajuda impor esse objetivo.
Foi a ação da resistência em 07 de outubro que revelou as feias cores do genocídio em Gaza. Foram as milhares de manifestações nas ruas das grandes cidades em todos os continentes que colocaram em foco os crimes do sionismo também na Cisjordânia. A solidariedade internacional pressionou os diversos governos a exigir a urgência de um cessar-fogo.
Demonstrada a farsa das medidas da Casa Branca e da ONU é hora de a classe trabalhadora internacional ocupar as avenidas dos grandes centros urbanos em todos os continentes. É hora de realizar milhares de manifestações que desmoralizem as políticas externas dos governos diante do extermínio televisionado de um povo.
É preciso toda a solidariedade e disposição de luta para que a classe trabalhadora na Ásia Ocidental e no Norte da África possam se levantar. Esse levante deve ser forte o bastante para tomar em suas mãos o poder. Um processo unitário que ponha abaixo os regimes coniventes com os planos dos ianques e israelenses. É preciso e necessário caminhar rumo a construção de uma federação de repúblicas socialista no chamado Oriente Médio.
Impedir a solução final do povo palestino não passa pela ONU, mas sim pela mobilização ativa à causa palestina. É necessário reconhecer a centralidade dessa luta internacionalista, anti-imperialista e anticolonial. Hoje está claro para os trabalhadores que o direito a autodeterminação não é apenas uma causa do povo palestino, mas de todas e todos os revolucionários. Trata-se de uma tarefa histórica das massas trabalhadoras exploradas e oprimidas do século XXI. Portanto, é fundamental ocupar as ruas. Devemos fortalecer a solidariedade global. Temos que lutar incansavelmente até os trabalhadores palestinos arrancarem das garras sangrentas do colonialismo sua soberania. Só assim é possível uma Palestina livre, do rio ao mar.

