Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2025. | Redação da CSP-Conlutas RJ

Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 – Quase uma centena de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona Norte do Rio de Janeiro – Tomaz Silva/Agência Brasil
O governador Cláudio Castro (PL-RJ) realizou uma grande operação policial em 28 de outubro. Ele mobilizou mais de 2,5 mil agentes para cumprir cerca de 100 mandados de prisão. Tudo para reprimir a ação criminosa do Comando Vermelho. Pelo menos essa é a propaganda governamental do Palácio Guanabara. Por trás da pirotecnia midiática há um projeto político de poder de uma parcela da classe dominante brasileira.
Dois dias depois, as autoridades só informaram a morte de quatro policiais. Elas não divulgaram o número de mandados cumpridos, a identidade dos detidos ou de vítimas civis. Sequer o número exato de vítimas fatais da maior chacina do país é conhecido ou preciso.
Mesmo com a conivência da grande imprensa empresarial não houve como esconder a informação que os trabalhadores tiveram que se organizar para recolher os cadáveres abandonados. Foram mais de 70 corpos abandonados pela força policial após a sua letal execução. Os trabalhadores que moram no local foram remover esses corpos em uma iniciativa voluntária e humanitária.
Ao longo dos últimos 40 anos governadores como Marcelo Alencar, Garotinho, Rosinha, Sérgio Cabral, Pezão e Wilson Witzel tentaram acabar com o comércio ilegal de drogas procedendo guerra militar contra a pobreza. Nunca foi contra o Comando Vermelho.
Foram várias as chacinas em bairros pobres e da periferia das grandes cidades que assassinaram os “traficantes” sem acabar ou reduzir o comércio de drogas ilegais. Para piorar iniciativas de agentes de segurança pública como as milícias ilegais foram absorvidas pelo lucrativo negócio da venda de drogas no varejo, venda de serviços irregulares e toda uma miríade de empreendimento à margem das leis.
Um projeto de poder de uma elite conservadora
Contudo a maior chacina urbana provocada por Castro busca ganhar notoriedade para o governador. Seu projeto é se eleger senador em 2026. O motor alavancador dessa notoriedade é o medo. Esse poderoso sentimento pai do pavor. O mesmo que fechou escolas e creches nessa terça-feira de outubro. Postos de saúde interromperam o atendimento. Também moradores se trancaram em casa, com medo de sair.
Uma operação desse tipo representa mais um cerco às comunidades. O Estado só chega com blindados e caveirões armados. Isso é feito para impor o medo. As favelas continuam a ser tratadas como zonas de exceção. Os direitos não se aplicam nessas áreas. Os salários são miseráveis, e não há direitos trabalhistas. A vida vale menos.
Essa comunidade açoitada pelo pânico é sensível ao assédio eleitoral da organização criminosa.

Moradora beija um dos corpos levados a praça no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, no dia 29 de outubro de 2025 — Foto: Ricardo Moraes/Reuters
A prisão de mais de 80 envolvidos no tráfico de drogas representa apenas a contenção temporária de um grupo excedente que logo voltará às ruas. A organização criminosa continua atuando no cenário político e, até 2026, as atividades retornarão ao normal, com novos operadores assumindo os pontos de venda, pagando propinas mais altas e financiando campanhas eleitorais de candidatos ligados ao tráfico.
Ao passo que assassinar uma parte desses miseráveis operadores não passa de queima de arquivo. São bocas caladas para sempre. Suas vozes sumirão na poeira da história que jamais será contada.
Alguns enfrentaram prisão. Outros tiveram como destino a morte. Eles são os operadores que trabalham para os verdadeiros donos do comércio ilegal. Pois esses proprietários não moram na favela ou em bairros pobres da periferia. São poliglotas, com formação superior. Moram em condomínios de luxo nas áreas mais nobres da capital.
A violência no Rio de Janeiro é alimentada pelo mercado bilionário de drogas ilegais, sustentado por uma complexa cadeia que envolve não apenas comunidades pobres, mas também setores da economia formal. Em 28 de outubro, tráfico e governo colaboraram em um massacre, parte de um projeto de poder. O controle dos preços das drogas beneficia milícias, facções e empresários, através de lavagem de dinheiro, comércio clandestino e corrupção policial, financiando inclusive eleições.

É preciso para essa barbárie! Os trabalhadores do Rio de Janeiro precisam de políticas que defendam a vida, a dignidade, a educação e a saúde. Pleno emprego, melhores salários, moradia e segurança comunitária.
Resistência necessária
É possível derrotar os planos desse setor conservador da classe dominante e a dominação todos os exploradores e opressores. Eles são minoria e são incapazes de produzir a riqueza produzida socialmente por nós todos os dias. Para isso temos que buscar uma saída dos trabalhadores para os trabalhadores.
Só a organização por local de moradia e trabalho pode apontar uma saída política. Essa não virá com eleição controlada pela classe dominante ou qualquer das suas facções. A conquista de uma segurança comunitária que atenda aos interesses das trabalhadoras, dos trabalhadores deverá ser conquistada na luta pela classe trabalhadora.
A união dos trabalhadores pode garantir emprego estável, salário-mínimo do DIEESE para 30 horas semanais, moradia própria, mais creches e escolas, ampliação da saúde básica, construção de hospitais, gratuidade no transporte público e produção planejada segundo as necessidades econômicas e culturais.
Para atender essas necessidades é preciso ocupar e tomar o poder político, econômico e social. Diferente dos planos de poder do setor liberal na economia e conservador nos costumes nós não podemos tolerar o capitalismo e a exploração do homem pelo homem. Precisamos de uma sociedade igualitária, democrática e socialista. Precisamos pavimentar o futuro para chegar a uma sociedade comunista.
Isso pode começar já!
Todos ao ato “Chega de Chacina! Fora Cláudio Castro”, às 13 horas, na Estrada José Rucas, nº 1202-1326 – Penha, Rio de Janeiro – RJ | 21070-370

