Pela imediata revogação da sentença contra os 23 do Rio
Mais uma prova de autoritarismo entra para história nesse dia 17 de julho. A justiça fluminense faz o serviço sujo de perseguição a 23 ativistas que participaram das manifestações de junho de 2013 e das jornadas de luta de 2014. O crime desses jovens foi denunciar a máfia que controla os transportes coletivos, os excessivos gastos com a preparação de megaeventos (Copa do Mundo de Futebol) e a guerra contra os pobres a partir da remoção e genocídio. Também denunciaram os desmandos de Dilma Rousseff, Sérgio Cabral e Pezão, acobertados todo o tempo por este mesmo Poder Judiciário e o Ministério Público do Rio.
A sentença e condenação da juventude lutadora não é só contra os 23 citados. Tem o objetivo de intimidar toda uma geração de trabalhadoras e trabalhadores que sofrem com as consequências causadas por um modo de produção e distribuição de riquezas que não garante condições mínimas de vida de milhões e ainda destrói as forças produtivas.
Como forma máxima de coibir e reprimir as manifestações das trabalhadoras, dos trabalhadores e da juventude o governo de Dilma impõe a lei antiterror. Rousseff trata as mobilizações com reivindicações como o respeito ao direito de moradia, a saúde, a educação, mais empregos, melhores salários e uma aposentadoria digna como atos terroristas e dá base a uma perseguição implacável contra ativistas e militantes.
Dessa forma não foram atendidas as reivindicações, as denúncias nunca foram levadas à sério e apuradas. Muito pelo contrário. Logo após as manifestações na abertura dos jogos da Copa o estado policial fluminense deflagrou procedimentos de perseguição, prisões abusivas, invasões de residências, infiltração de agentes nos movimentos sociais e grampos nos telefones de advogados que ousassem defender os direitos humanos.
Não é coincidência que haja uma espetacular cobertura da imprensa e todas as mídias na divulgação da sentença e da vinculação do movimento reivindicatório com a morte do jornalista da TV Bandeirante, Santiago Andrade.
Nos solidarizamos com parentes e amigos do jornalista que foi vítima da violência promovida pelos aparatos de repressão do estado brasileiro. Sua morte se deu pela implacável forma do estado em lidar e reprimir as manifestações dos trabalhadores e da juventude. Contudo não é correto colocar a responsabilidade desse lamentável fato nas costas de dois jovens e abstrair todas as ações dos aparatos policiais e toda a conjuntura do momento.
A propaganda da sentença e a vinculação dessa com a morte daquele trabalhador tem como objetivo intimidar e coibir as manifestações que estão em preparação para o próximo dia 10 de agosto.
As condições de vida de 2013 para cá só pioraram para milhões de brasileiros. O vice de Dilma, Michel Temer, aprovou leis que ao mesmo tempo em que precarizam as relações trabalhistas ainda arrocham mais a massa salarial das trabalhadoras, dos trabalhadores e do povo. Além disso, Temer entrega aos especuladores internacionais, a preço de banana, as estatais, através de privatizações e as riquezas naturais. Como resposta, mesmo sob a lei antiterror, houve greve geral ano passado. Este ano a circulação da produção já foi interrompida pela poderosa greve dos caminhoneiros e, nesse momento, as centrais sindicais do país convocam o Dia do Basta, com paralisações nos locais de trabalho, abrangendo trabalhadoras, trabalhadores das mais diversas categorias, protestos e manifestações públicas em todo o território nacional, que envolvam o proletariado da cidade e do campo, estudantes, movimentos populares e de luta contra as opressões.
Será um dia para dizer basta aos ataques de Michel Temer, Luiz Pezão, Marcelo Crivella e todos os patrões. A defesa do emprego, da aposentadoria e dos direitos trabalhistas foi definido como eixo central e de unidade entre todas as centrais.
A Central Sindical e Popular Conlutas, a CSP-Conlutas, repudia a prisão desses 23 ativistas e manifestantes. Para nós está claro o processo de perseguição política, pois seus crimes foram denunciar as manobras da FETRANSPORTES na majoração abusiva das tarifas dos transportes públicos, os desmandos do governo Dilma, a corrupção promovida pela FIFA e seus agentes como Marcelo Odebrecht, Eike Batista, Sérgio Cabral, Luiz Pezão, Eduardo Paes, Jorge Picciani, etc.
Exigimos a revogação da sentença e extinção do processo. Reafirmamos que lutar por melhores condições de saúde, educação, emprego, salário, transporte público, moradia e terra para plantar não é crime.
Exigimos o respeito ao direito de manifestação, liberdade de expressão e o fim de todas as medidas que tenham por objetivo a coerção à organização dos trabalhadores e dos movimentos sociais. Não é admissível que o Estado infiltre agentes nas manifestações para promover vandalismo e, dessa forma, justificar a repressão violenta com prisões e sentenças arbitrárias. Não é razoável que a conduta do estado brasileiro seja a mesma que vimos nesses dias na Venezuela e na Nicarágua.
Conclamamos que todas as entidades, movimentos, sindicatos, centrais sindicais se coloquem contra mais essa medida do governo de Michel Temer e Luiz Pezão. Devemos todos nos colocarmos na defesa dos 23 ativistas e militantes com entendimento que esse ataque é contra todas as trabalhadoras, trabalhadores, camponeses e estudantes que sofrem com as mazelas produzida pelos oligopólios internacionais em nosso país e se mobilizam em lutas de manutenção e ampliação de direitos.
Viva a luta das jornadas de junho de 2013 e 2014!
Viva a luta das trabalhadoras e trabalhadores!

