Petroleiros preparam greve nacional

Rio de Janeiro, 05 de dezembro de 2025. | Redação do RJ às 20:52 horas

FNP convoca paralisação por tempo indeterminado em resposta à postura da Petrobras nas negociações do ACT 2025-2026

Petroleiros preparam a greve sob olhar de um policial militar armado para enfrentá-los | Imagem da CSP-Conlutas

Agora é greve

A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) anunciou a convocação de uma Greve Nacional Unificada da categoria por tempo indeterminado, a partir do dia 15 de dezembro. A decisão surge diante do que o movimento classifica como “enrolação” da Petrobras nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2025-2026. O objetivo central da mobilização é pressionar a direção da companhia a apresentar uma proposta que atenda às reivindicações dos trabalhadores, já que a administração da Petrobras tem priorizado os interesses de acionistas em detrimento das demandas dos petroleiros.

Deliberação e Ratificação

A decisão pela greve foi tomada após reunião da diretoria da FNP realizada na terça-feira (2 de dezembro). Antes do início efetivo da paralisação, o movimento será submetido à ratificação por meio de assembleias nas bases sindicais filiadas, entre os dias 3 e 11 de dezembro. Entre as principais bases estão o Rio de Janeiro, o Litoral Paulista e o Sindipetro PA/AM/MA/AP.

Razões para a Greve

A FNP considera a greve uma resposta contundente ao que caracteriza como desrespeito da gestão da Petrobras e de suas subsidiárias. Segundo a federação, “o caminho para a greve sempre esteve no nosso horizonte”, uma vez que, desde o início das negociações, alertava para o risco de impasse diante da fragmentação das tratativas em “comissões temáticas”. Os petroleiros informam que, desde julho de 2025, a Petrobras já possui em mãos a proposta detalhada da categoria, mas as contrapropostas recebidas foram consideradas “risíveis” e, em alguns pontos, atacam direitos já consolidados.

Além disso, a empresa utiliza o preço do barril de petróleo Brent como justificativa para não reconhecer o esforço dos trabalhadores, que seguem gerando lucros recordes para a companhia. O lema da mobilização, “Menos acionista, mais ACT!”, sintetiza a exigência de uma proposta financeira condizente com os resultados bilionários da Petrobras, com recomposição das perdas salariais ocorridas nos governos anteriores e um aumento real para o período.

Pauta de Reivindicações

  • Reajuste financeiro e reposição das perdas salariais acumuladas.
  • ACT com duração de um ano (2025-2026) e garantia de ultratividade.
  • Soluções para o setor offshore e fim dos ataques relacionados aos “desimplantes”.
  • Reajuste na tabela de hora extra para troca de turno.
  • Criação de uma tabela salarial única para toda a categoria, incluindo holding, subsidiárias, ativos e aposentados.
  • Avanços nas condições de teletrabalho.
  • Pagamento das dívidas da Petrobras com a Petros.
  • Retorno do Programa Jovem Universitário (PJU) com reembolso.
  • Solução para os problemas dos embarques e implementação do regime 14×21 para todos os embarcados, próprios e terceirizados.
  • Destravar a discussão sobre o novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários.
  • Reversão das mudanças na área de SMS que impõem escala de 6×1 para médicos e dentistas.
  • Combate à terceirização e fim do processo de privatização da PBIO.
  • Isonomia alimentar, com concessão de vale-alimentação para unidades com alimentação in natura (industrial e offshore).

Mulheres e homens ficam enclausurados nessas estruturas para a extração do óleo das entranhas do leito marinho. Esses são os que merecem valorização | Imagem do Jornal Pelicano.

Organização do Movimento

Como parte do calendário de luta, o Sindipetro-RJ iniciará, a partir de 11 de dezembro, uma vigília em frente ao Edisen (Edifício Senado), no centro do Rio de Janeiro, para cobrar uma solução definitiva para os equacionamentos da Petros, que dependem de aporte financeiro da patrocinadora.

As assembleias para ratificação da greve seguem até o dia 11 de dezembro, e a FNP convoca a formação de um comando unitário de greve baseado nas bases para coordenar as ações do movimento.

Depoimentos e Adesão

O dirigente do Sindipetro RJ, André Bucaresky, destaca que já são quase seis meses de negociações infrutíferas do novo ACT, o que levou à resposta contundente à gestão da presidente Magda Chambriard, criticada por priorizar a distribuição de dividendos bilionários e ignorar o diálogo com os trabalhadores.

Bucaresky afirma: “Os petroleiros alertam que não aceitarão promessas vazias em troca da suspensão da greve e que a paralisação será mantida até que haja uma contraproposta que atenda às reivindicações. A categoria está mostrando que não vai aceitar as arbitrariedades da empresa e do governo que querem impor arrocho aos trabalhadores para garantir os lucros aos acionistas.”

Desde o dia 3 de dezembro, o dirigente tem liderado assembleias no Aeroporto de Maricá, local de embarque e desembarque de plataformas, onde praticamente a totalidade dos votos foi favorável à greve por tempo indeterminado.

Só a luta garante direitos

A Greve Nacional Unificada dos Petroleiros representa um marco de mobilização da categoria por direitos, valorização e respeito nas negociações do ACT 2025-2026. O movimento reflete a insatisfação diante da postura da Petrobras e reitera o compromisso dos trabalhadores em lutar por condições dignas e reconhecimento de seu papel fundamental nos resultados da companhia. São os petroleiros que garantem a produção na extração do óleo e gás das profundezas marinhas. Então são essas mulheres e homens deve decidir pelos destinos da estatal. A Petrobrás para servir aos interesses da maioria do povo brasileiro tem que ser cem por cento estatal. Não pode ser uma fonte de renda para especuladores financeiros que não conhecem o cheiro do óleo bruto. Também a Petrobras tem que servir ao plano estratégico da distribuição e consumo de energia com finalidades sociais. Isso só será possível quando os operários petroleiros e demais trabalhadores tomarem em suas mãos o seu destino. A construção de uma nova sociedade igualitária, sem explorados ou oprimidos. Uma sociedade socialista onde a produção de barris de petróleo esteja a serviço do bem estar de todos.