Servidores não aceitam reajuste zero em 2024

Rio de Janeiro, 12 de junho de 2024, 19:21 h

Em evento com reitores, Lula anunciou, na segunda-feira (10), uma recomposição no orçamento das universidades e institutos federais no valor de R$ 747 milhões. A quantia é uma clara vitória da greve, porém ainda está muito longe de atender as expectativas.
Segundo as instituições, para realmente superar o atual cenário de precarização e de redução constante do investimento, seriam necessários investimentos na ordem de mais de R$ 2 bilhões.
A situação caótica foi provocada pelo “teto de gastos” de Milchel Temer e Bolsonaro, agora reforçado pelo “Arcabouço Fiscal”. Além disso, o governo Lula (PT) e Alckmin (PSDB) já havia anunciado um corte superior a R$ 300 milhões no orçamento anteriormente.
Após Lula afirmar que “a greve já não tem motivos pra durar tanto tempo”, os servidores públicos federais realizaram mais um dia de radicalização na luta contra o plano do governo de deixar o funcionalismo sem reajuste salarial em 2024.
Na rede pública hospitalar federal a situação é a mesma: redução de investimento provocando o sucateamento das unidades de atendimento fundamentais a saúde coletiva da população. A resistência dos servidores públicos iniciou uma greve, em 15 de maio, interrompendo o funcionamento das várias unidades da cidade do Rio de Janeiro.
Além do enfrentamento com o governo de Lula/Alckmin a categoria tem que se defender da burocracia sindical governista. Essa casta, aboletada nos aparatos da classe, acham razoável o arrocho salarial como um sacrifício dos assalariados para proteger o governo Lula. Garantem que esse governo é “seu e da classe trabalhadora”. Uma verdadeira ilusão que ajuda os ataques do governo e o maior enriquecimento dos bilionários.
A CSP-Conlutas reitera a solidariedade aos servidores em greve e denuncia o descaso do governo Lula frente a temas tão importantes a saúde e a educação. Também se soma à luta pela valorização daqueles que garantem o funcionamento das unidades de saúde e o ensino público de qualidade aos filhos e filhas da classe trabalhadora. A total unidade entre o ANDES-SN, a FASUBRA, o SINASEFE e a FENASPS podem arrancar do governo o fim do reajuste zero para 2024 e uma real recuperação orçamentaria e salarial.
É importante a massificação e a radicalização do processo de greve. No mesmo sentido, é fundamental apontar o verdadeiro culpado por essa tragédia: o arcabouço fiscal de Lula e Haddad que limita investimentos públicos para garantir o envio de verbas aos banqueiros e grandes capitalistas.
Nas eternas mesas de negociação, o governo Lula insiste que não há margem orçamentária para melhorar a proposta e garantir um reajuste salarial em 2024. Mas isso não é verdade. De janeiro a abril, o superávit primário acumulado pela União já está em R$ 61 bilhões. Houve recorde de arrecadação de tributos em 2024.
O governo calcula que a proposta atual para reajuste dos servidores da Educação Federal custaria R$ 6,2 bilhões em dois anos. Ou seja, com 10% do valor do superávit primário dos primeiros quatro meses de 2024, seria possível dobrar a proposta de reajuste apresentada pelo governo.
A unificação da greve com as lutas dos estudantes, dos trabalhadores do campo e da floresta mostrará ao conjunto da classe a cilada que a cúpula das direções aceitara de “seu governo”, que não avançou um milímetro nas questões de carreiras e agora está cobrando o preço: a indignação nos locais de trabalho, moradia e estudo contra a intransigência do governo. Essa clareza para lutar também repudia a subserviência e capachismo dos setores da burocracia sindical que se prestam ao papel de ajudar o governo a sabotar a greve dos servidores federais.
Apoiar o governo Lula não ajuda a garantir as reivindicações dos trabalhadores nem a combater a ultradireita. Ao contrário, é preciso organizar os trabalhadores e trabalhadoras para enfrentar os capitalistas e esse Arcabouço Fiscal, feito por um governo que governa para os bilionários. Por isso, precisamos construir, junto aos trabalhadores e a juventude, uma oposição de classe, revolucionária e socialista. Porque, até para enfrentar a direita bolsonarista, é preciso enfrentar o governo Lula.
As trabalhadoras, os trabalhadores, a juventude, os povos do campo e da floresta precisam se organizar autonomamente e romper com as ilusões do petismo e do legalismo parlamentarista. Somente uma Revolução Social, dirigida por organismos autônomos da classe é capaz de acabar com o regime de exploração e dominação decadente que nos empurra a todas e todos à barbárie.