Vamos construir um grande dia de luta em solidariedade aos palestinos

Rio de janeiro, 19 de setembro de 2024 | atualizado 19:41 horas
Luta de trabalhadoras e trabalhadores palestinos: estilingues contra blindados

O Estado de Israel é um filhote do fenômeno histórico que deu origem a terrível segunda guerra mundial nas primeiras décadas do século XX. As forças políticas da burguesia liberal que gestaram o estado sionista fundado em 1948 sempre tiveram como objetivo anexar e dominar territórios do Egito, Jordânia, Síria, Líbano, Líbia, Arábia Saudita e Iraque, formando o que denominam como terra de Israel ou terra prometida.

Os tentáculos sionista sugam apoio e dinheiro da Alemanha, França, Reino Unido e, principalmente, dos Estados Unidos. O governo estadunidense fornece apoio político, militar e financeiro inédito na história contemporânea. Sem esse apoio a atual fase do genocídio do povo palestino, iniciada após o ato de rebelião palestino de 07 de outubro de 2023, não existiria. São 191 países que de uma forma ou de outra apoiam o projeto sionista de colonização e limpeza étnica na Ásia Ocidental ou Oriente Médio.

Esse apoio das diversas potências imperialistas, de suas colônias e sub colônias permitem que o governo de Israel não respeite as determinações da ONU ou de qualquer outro órgão internacional. Assim, desde a primeira guerra mundial e o fim do Império Otomano o sionismo sustenta uma guerra e uma limpeza étnica contra o povo árabe palestino.

Quase um século de resistência contra o colonialismo ianque e sionista

Os árabes e demais povos africanos e da Ásia Ocidental tem uma longa tradição de resistência contra os planos coloniais das grandes potências capitalistas. São ataques terríveis das classes dominantes dos países da Europa Ocidental e da América do Norte contra esses povos, com milhões de vítimas fatais.

Apesar da dor, desespero e sofrimento esses povos resistiram e resistem com uma resiliência histórica não só para manter seus territórios, mas também suas religiões e tradições culturais.

A Primavera Árabe, como ficou conhecida mundialmente, foi uma onda revolucionária de resistência com manifestações e protestos que ocorreram na Ásia Ocidental e na África a partir de 18 de dezembro de 2010. Houve revoluções na Tunísia e no Egito, uma guerra civil na Líbia e na Síria; também ocorreram grandes protestos na Argélia, Bahrein, Djibuti, Iraque, Jordânia, Omã e Iémen e protestos menores no Kuwait, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Arábia Saudita, Sudão e Saara Ocidental. Os protestos compartilharam técnicas de resistência civil em campanhas sustentadas envolvendo greves, manifestações, passeatas e comícios, bem como o uso das mídias sociais para organizar, comunicar e sensibilizar a população e a comunidade internacional em face de tentativas de repressão e censura por parte das potências coloniais ocidentais.

As velhas e novas direções do movimento revolucionário dos povos islâmicos, acaudilhadas pelas religiões e outras falsas ideologias, entregaram o movimento de resistência às classes dominantes de seus países. É claro que essa elite teve que urrar um discurso anti-imperialista e contra as potências ocidentais. Entre tanto toda a retórica não passou de um truque semântico. Apesar das inúmeras declarações dos regimes da região sobre as injustiças, exploração, opressão e rapinagem das potências capitalistas o proletariado e camponeses foram apaziguados em nome da ordem do modo de produção do capital.

Está claro que a resistência palestina não pode contar com a solidariedade política e militar da maioria dos estados árabes da região. Para isso os oligopólios das potências ocidentais atuam com duas pinças: uma econômica que busca enredar os países árabes da região como aliados; ao mesmo tempo isola o Irã, único país com tecnologia nuclear da região, rotulando seus aliados como grupos terroristas.

Em sua propaganda afirmam o Estado de Israel como única nação democrática tentando civilizar seus vizinhos autocráticos e autoritários.

Ao mesmo tempo os oligopólios e monopólios ocidentais mantém a faca no pescoço dos países da Ásia Ocidental com seu enorme poderio militar. Assim as potências imperialistas ocidentais querem descentralizar e deslegitimar as forças de resistência palestinas, reduzindo-as nas suas declarações a meros fantoches do Irã. Fazem isso para enquadrar melhor a sua participação no genocídio em curso como um conflito entre regimes democráticos liberais (incluindo Israel) e autocráticos (dirigidos ao Irã), ocultando assim os seus próprios interesses geopolíticos ao apoiar o Estado sionista.

As direções políticas palestinas incentivam uma ilusão que pode levar a novas derrotas

As massas de trabalhadores e camponeses palestinos invocam frequentemente o “Eixo da Resistência” como um suposto aliado estratégico como afirma a direção do Hamas. Esta fórmula referencia-se na confiança e no apoio político militar da constelação de várias forças políticas: a ditadura teocrática xiita no Irã, a milícia Hezbollah com base no sul do Líbano, as milícias Zaydi-xiitas Houthi no Iémen e, em menor medida, as milícias apoiadas pelo Irã que operam no Iraque e na Síria.

Contudo a verdade se apoia na necessidade de unificação da classe acima das fronteiras nacionais. Qualquer esperança de apoio total à resistência palestina não está no apelo a regimes reacionários, apesar da sua retórica “progressista” ocasional, ou às suas milícias, mas sim no desenvolvimento de uma insurreição popular em massa na região. Uma nova versão da Primavera Árabe que tome em suas mãos ações que realmente apoie a resistência e coloque as massas trabalhadoras e camponesas na trincheira política e militar da luta palestina.

Junto com nossa solidariedade, apoio político e militar temos que afirmar que movimento de libertação palestino tem muito a ganhar ao recusar subordinar o apoio às lutas de derrota e fim do Estado de Israel à manutenção de alianças políticas com as classes dominantes e os seus regimes. Estes regimes matam de fome e oprimem o seu próprio povo, bem como os palestinos dentro das suas fronteiras.

Mais do que nunca é preciso o surgimento na Ásia Ocidental de um movimento de massas multiétnico, laico, com uma composição maioritariamente proletária e camponesa pobre. Essas são as condições e a única forma de estabelecer as possibilidades para a libertação da Palestina. Juntamente com a luta do povo palestino, combinada com a das massas da região criam-se a real possibilidade da derrota da política das potências colonialistas do ocidente e também do oriente. O apoio e a solidariedade internacional dos trabalhadores e jovens estadunidenses são um terceiro componente da estratégia para uma Palestina livre. Os protestos generalizados contra a cumplicidade do governo da Casa Branca no genocídio devem fundir-se em mobilizações anti-imperialistas massivas e coordenadas, com exigências claras e uma estratégia para vencer.

Explorados e oprimidos no Brasil devem entrar nessa luta

O apoio do proletariado brasileiro também ajuda na luta para uma vitória histórica dos trabalhadores e camponeses palestinos, mas para isso é necessário que a classe derrote sua direção política no Brasil.

Os partidos da classe trabalhadora, as centrais, os sindicatos e entidades do movimento popular colocaram a luta pela liberdade da Palestina em segundo plano em uma lógica eleitoreira. Para a cúpula dos movimentos sociais (sindical e popular) para não perder o voto dos religiosos das seitas pentecostais não se pode realizar atos e manifestações contra o genocídio cometido por Israel contra o povo palestino.

Nesses quase doze meses de genocídio em Gaza e na Cisjordânia o regime sionista interferiu nas iniciativas de setores dos movimentos sociais e nos serviços de segurança do Brasil. Houve irregularidades na diplomacia, pressão política ao governo e ordens à polícia federal, prontamente atendidas. Através das igrejas pentecostais Israel estende seus tentáculos nas comunidades mais empobrecidas das cidades e periferias do Brasil.

O terrorismo é o principal veículo de batalha de Israel

Nos ataques ao povo libanês desse dia 18 de setembro, Israel mostra que nenhum ser humano está seguro se lutar contra o sionismo. Mais uma vez Israel se afirma como um estado terrorista, como os Estados Unidos. Em 76 anos, com todo tipo de ato terrorista, o Estado de Israel assassinou mais de 250 mil palestinos. Só no último ano já matou mais de 41 mil, sendo a maioria de crianças e mulheres.

O alto comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou em um comunicado que as explosões de pagers e “walkie talkies” no Líbano, promovidas por Israel, violam as leis internacionais de direitos humanos e a lei humanitária internacional, informa a agência Reuters.

O ataque dessa terça-feira, que supostamente teve como alvo membros do grupo Hezbollah, causou estragos em áreas civis, atingiu inocentes e sobrecarregou hospitais libaneses. A ação de barbárie e crueldade do Estado de Israel deixou um saldo de quatro mil inocentes feridos.

Assim, esperar até o final de outubro, quando termina o calendário eleitoral, no Brasil, para intensificar as manifestações e atos de denúncia do genocídio, do terrorismo e das atrocidades do Estado sionista de Israel é um absurdo e um crime contra os povos da Ásia Ocidental, os trabalhadores africanos e os operários de todos os lugares do mundo.

A cúpula dos movimentos sociais capitula as ilusões das massas alienadas pelo capitalismo e seduzida pelas ideologias da classe dominante. A luta contra o capitalismo não se restringe às fronteiras nacionais. Essa luta, para ser consequente, tem que ser internacionalista.

Muitos ativistas reconhecem em teoria que esses movimentos enfrentam o mesmo capitalismo global decadente e seu sistema de estado imperialista. No entanto, a política internacional e regional molda essas lutas de resistência, dificultando a união contra seu inimigo comum. Para isso, seria necessário compreender que a causa de sua opressão não são os “maus governos”, mas o capitalismo — um sistema social e econômico governado pela necessidade de acumular capital constantemente e aumentar os lucros em todos os lugares a qualquer custo. Esse modo de produção tem a propriedade de converter tudo e todos em mercadoria com a única liberdade de comprar e vender. Esse sistema gera crise econômica, austeridade, competição geopolítica, guerras, desapropriação neocolonial, dívida e destruição ambiental. Tudo isso leva a fome, miséria, doenças e mais sofrimento para a maioria.

Solidariedade internacional de baixo para cima entre nações oprimidas como Palestina, Ucrânia e Taiwan, bem como trabalhadores explorados nos EUA e na China e em todo o mundo é mais urgente do que nunca. Vivemos em um período de intensificação de guerra e genocídio (Ucrânia, Palestina, Sudão). Mas forjar esse tipo de solidariedade também é uma tarefa cada vez mais complexa em um sistema estatal assolado pela rivalidade imperial entre os Estados Unidos, China e Rússia, bem como pelo crescente conflito interestatal.

Já está acertado entre várias entidades da classe um novo ato em solidariedade aos trabalhadores, camponeses e estudantes palestinos no próximo dia 08 de outubro, em São Paulo. É preciso organizar no Rio de Janeiro sem esperar o calendário eleitoral, pois a luta não para e nem espera.

Temos que garantir um grande dia de luta e fazer com que seja um passo muito importante em um caminho de mobilização contínua e organização independente da classe trabalhadora que se coloque incondicionalmente a serviço da luta do povo palestino até a derrubada do Estado de Israel e a recuperação de sua terra histórica, do rio Jordão ao mar Mediterrâneo.

A luta pela liberdade da Palestina é a luta de toda a classe trabalhadora.

Fim do comércio de armas com Israel!

Lula rompa todas as relações comerciais, institucionais e diplomáticas com o Estado sionista! Fechamento imediato da Embaixada!

Por uma Palestina livre, laica, democrática e não racista, do rio Jordão ao mar Mediterrâneo!